Transp. e Prestação de Contas
O Conselho Regional de Serviço Social do Paraná (CRESS-PR), por meio da Seccional Londrina, realizou na última segunda-feira, 20/10, o 4º e último encontro do Ciclo de Debates: o Serviço Social na Defesa e na Garantia dos Direitos da Pessoa com Deficiência e na Luta Anticapacitista. O encontro foi transmitido pelo canal oficial do CRESS-PR no YouTube e fomentou a discussão sobre os desafios da atuação das pessoas com deficiência na perspectiva do lugar de fala das (os) Assistentes Sociais.
O encontro contou com duas convidadas especiais que contaram sobre a rotina profissional e os desafios enfrentados no dia a dia. A mediação do evento foi feita pelo Assistentes Social na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) de Mauá da Serra, Eduardo Farias. “O tema do debate é de extrema importância, principalmente quando analisamos a sociedade em que estamos inseridos e as contradições que nos são apresentadas nesse mundo cada vez mais egocêntrico, mais individualista”, explica Eduardo.
Daiane Mantoanelli é Assistente Social com deficiência visual. Ela atua como servidora pública em Blumenau, é assessora técnica do Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência e co-fundadora do Coletivo Serviço Social Anticapacitista.
Em sua fala, Daiane conta que ao longo da trajetória profissional e acadêmica, a temática da deficiência esteve distante da categoria. “Sempre ouvimos muito mais a perspectiva do trabalho com os usuários com deficiência no sentido de algumas intervenções do cunho de atendimento para esse público do que pautar o exercício das (os) Assistentes Sociais com deficiência. É importantíssimo esse espaço de debate para construção de conhecimentos”, garante.
Daiane explica que existem dispositivos legais que garantem o exercício e o debate para garantir os direitos da categoria e das (os) usuárias (os) com deficiência, como a Convenção dos Direitos da Pessoa com Deficiência e a Lei Brasileira de Inclusão. A Assistente Social também falou sobre como o capacitismo é sútil e questiona a capacidade das (os) profissionais em desenvolver o trabalho.
“A minha capacidade de exercer a profissão é muito questionada por conta de eu não enxergar. Não são levados em conta os apoios, tecnologias e ferramentas existentes que auxiliam a realização do meu trabalho junto aos usuários no cotidiano profissional. Também não são consideradas a formação profissional e o embasamento teórico e instrumental que temos”.
Fabia Halana Pita possui deficiência física. Mestre em Serviço Social e participante do coletivo Serviço Social Anticapacitista, Fabia contou um pouco da sua trajetória profissional e também da luta contra o preconceito. “O capacitismo nos coloca em um lugar de invisibilidade, de inferioridade. Faz com que nós precisemos mostrar constantemente que podemos, que somos capazes, que temos competência e habilidade para exercer as funções que exercemos, Isso é desgastante”, conta.
A Assistente Social falou também sobre as barreiras de acesso que enfrenta. Ela conta que se locomove com apoio de um andador e de cadeira de rodas, por isso, lugares que não possuem acessibilidade, como degraus ou banheiros adaptados são grandes dificuldades.
“Há uma série de questões que dificulta o trabalho. Eu trabalhava em uma escola durante dezesseis anos. Se fui três ou quatro vezes no primeiro andar foi muito. Tudo o que resolvia era no térreo, os alunos desciam para conversar na sala. Essas são apenas algumas das barreiras que enfrentamos”, finaliza.
Confira o evento na íntegra acessando o canal do CRESS-PR no YouTube.
Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência
Na terça-feira, 21/09, foi o Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência. O Serviço Social tem um importante papel na luta e na defesa pela garantia dos direitos dessa população e na luta anticapacitista. O CRESS-PR apoia essa luta!
Durante o ano, foram realizados quatro encontros sobre o tema. O objetivo do Ciclo de Debates: O Serviço Social na Defesa e na Garantia dos Direitos da Pessoa com Deficiência e na Luta Anticapacitista foi de incentivar debates e fomentar conhecimento para a categoria. Nesses encontros, foram debatidos temas importantes sobre o assunto, trazendo palestrantes e incentivando a participação de todas (os).
Segundo Liana Bassi, da Seccional Londrina, todas as participações e tudo que foi debatido durante os quatro encontros revelam os grandes desafios da inclusão em uma sociedade fraturada. “Tratar da inclusão da pessoa com deficiência é urgente dada a invisibilidade, inclusive, dentro da categoria profissional. Esse debate está em consonância com o nosso projeto ético-político e os compromissos historicamente assumidos pela nossa categoria”, explica Liana.
Confira no site do CRESS-PR como foram os encontros:
Primeiro encontro — O Assistente Social e a atuação com pessoas com deficiência: alinhavando os termos do debate.
Segundo encontro — Políticas públicas para pessoas com deficiência numa perspectiva da intersetorialidade e interseccionalidade.
Terceiro encontro — Lei 14.176 – Alterações do BPC/LOAS, avanço ou retrocesso?
