Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio: conversar sobre o assunto ajuda a salvar vidas

Você sabia que, diariamente, cerca de 32 brasileiros dão fim à própria vida? Os dados são da Organização Mundial da Saúde (OMS) e correspondem a uma morte a cada 45 minutos. Dados da insurtech brasileira Azos mostram que, entre os anos de 2014 e 2019, o número de suicídios no país aumentou 28%. Ou seja, número de pessoas que tiraram a própria vida durante o período analisado subiu de 9,7 mil para 12,4 mil.

Neste dia 10 de setembro, conhecido como Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, é importante incentivar a abordagem adequada e responsável sobre o assunto, pois falar sobre ajuda a salvar vidas. Também durante o mês de setembro é realizada a Campanha Setembro Amarelo de prevenção ao suicídio. Em 2021, com o tema Agir salva vidas, a campanha nacional, promovida pelo Centro de Valorização da Vida (CVV) em parceria com a Associação Brasileira de Psiquiatria e o Conselho Federal de Medicina, tem o mesmo objetivo: incentivar uma abordagem adequada do assunto.

Na década de 1980, foi realizado um estudo nos EUA que afirmava que essas mortes poderiam ser por imitação, reforçando que não se deve falar sobre o assunto. Hoje, a OMS defende que é necessário falar sobre suicídio. É importante abordar o assunto para conscientização e para incentivar as pessoas a procurarem ajuda, não transformando pessoas que tiraram a própria vida em heróis.

Entre muitas variáveis, o principal fator de risco está relacionado a demandas de saúde mental. O suicídio é um problema de saúde pública, que acomete pessoas de todas as classes sociais, gênero e raça. Porém, existem muitos fatores, como psicológicos, emocionais, ambientais, biológicos, socioambientais e culturais que podem ser determinantes para que uma pessoa tire a própria vida.

Nem sempre é possível indicar os sintomas que antecedem o ato do suicídio, mas muitas vezes a pessoa já possui alguma patologia que altera sua percepção da realidade. Alguns sintomas como isolamento social, tristeza constante, raiva excessiva de si mesmo e comentários sobre não valer a pena estar vivo podem indicar ideações suicidas.

Por isso é importante incentivar a abordagem do assunto. Incentivar que essas pessoas procurem por atendimento médico, psicológico, psiquiátrico, ou seja por profissionais especializados. Na rede pública é possível procurar atendimentos nos Centros de Apoio Psicossocial (CAPS), que têm atuação de Assistentes Sociais no atendimento da população.

Se algum familiar, amigo ou conhecido falar sobre o assunto e apresentar sinais de que possa tirar a própria vida, você pode ouvi-lo desabafar ou indicar que a pessoa ligue para o 188 (CVV), que conta com mais de 3 mil voluntários que atendem mais de 10 mil ligações por dia.

O Conselho Regional de Serviço Social do Paraná (CRESS-PR) apoia a Campanha Setembro Amarelo e enfatiza a necessidade de se falar corretamente sobre o suicídio, promovendo ações e campanha para conscientização a respeito do tema. As (os) Assistentes Sociais trabalham para garantir direitos básicos à população. Assim, sabendo que fatores socioambientais também influenciam para a tomada de decisão, cabe ao Serviço Social defender e incentivar políticas efetivas de prevenção e acesso ao atendimento de saúde mental para todas (os).

Veja alguns mitos comuns sobre o suicídio

Sabe aquela frase clássica “Quem fala, não faz”? Pois então, não menospreze o sofrimento. Muitas vezes, quem diz que vai tirar a própria vida não quer chamar a atenção, mas dar um último sinal para pedir ajuda. Um aviso de suicídio deve ser levado a sério.

Não pergunte se a pessoa vai se matar. Se ela estiver com sintomas da depressão, é importante ter uma conversa para compreender o que se passa e orientar a busca por profissional qualificado(a). Não falar sobre o assunto ajuda a piorar a situação.

É importante saber que não é só quem sofre com depressão profunda que comete o suicídio. O depressivo mais conhecido é aquele que fica deitado na cama e não consegue levantar. Porém, existem outras reações que podem indicar um comportamento suicida, como agressividade excessiva e extrema. A família deve estar atenta ao momento em que um depressivo sem tratamento diz estar bem, pois muitas vezes ele pode já ter decidido se matar e tem o assunto como resolvido. Outro mito comum entre as pessoas é achar que quando a pessoa tenta suicídio uma vez, tentará sempre. Grande parte dos pacientes que levam a sério o tratamento com medicamentos e terapia não chegam a tentar se matar uma segunda vez. O importante é buscar alternativas para atendimento.