Cress-PR aprova em Assembleia Geral da categoria a Carta de Curitiba

 

Carta de Curitiba

O momento político presente, de segundo turno para eleições presidenciais, está marcado por dois projetos: um que aprofunda a democracia, a participação popular, a garantia de direitos e o fortalecimento das instituições republicanas; e o outro projeto assentado em propostas de cunho fascista, racista e autoritário, que fere frontalmente os princípios da democracia, da igualdade e da liberdade. Estamos vivenciando um cenário de crise moral, de incertezas e de inseguranças, com evidente recrudescimento dos preconceitos, das manifestações de desrespeito às diferenças, à diversidade humana, com explicitação de diversos ataques aos direitos individuais e coletivos, o que compromete o exercício da liberdade e as conquistas democráticas.

Esta realidade de avanço de uma onda conservadora fascista, tem como expoente catalizador uma liderança autoritária, que dissemina ideias de violência e de ódio, que propõe a militarização como alternativa aos fenômenos sociais, contrariando as medidas pacificadoras. Se utiliza, ainda, da religião fundamentalista como salvo conduto das suas ações, gerando desta forma uma ideia ufanista e populista totalmente divorciada dos princípios éticos do Estado laico e democrático de direito.

Frente ao cenário sombrio e o risco iminente às instituições democráticas, nós assistentes sociais, enquanto classe trabalhadora e profissionais a serviço da defesa dos direitos e da qualidade dos serviços sociais prestados à população, precisamos reafirmar os princípios éticos norteadores da nossa intervenção profissional, que estão edificados no Código de Ética profissional da/o Assistente Social.

Neste momento decisivo, reafirmamos, especialmente, os seguintes princípios éticos da/o Assistente Social:

  • Reconhecimento da liberdade como valor ético central e das demandas políticas a ela inerentes – autonomia, emancipação e plena expansão dos indivíduos sociais;
  • Ampliação e consolidação da cidadania, considerada tarefa primordial de toda sociedade, com vistas à garantia dos direitos civis sociais e políticos das classes trabalhadoras;
  • Empenho na eliminação de todas as formas de preconceito, incentivando o respeito à diversidade, à participação de grupos socialmente discriminados e à discussão das diferenças;

Compreendemos que nós assistentes sociais sofremos diretamente os impactos adversos desta conjuntura, pois somos classe trabalhadora e atuamos prioritariamente nas políticas sociais, cada vez mais sucateadas, na relação com cidadãs/ãos que possuem condições de vida marcadas pelo empobrecimento, por violências e discriminações, pela profunda precarização das condições de vida. Atuamos especialmente com populações negras, LBGTI, ribeirinhas, quilombolas, indígenas, pessoas com deficiência e idosas, mulheres, jovens, migrantes, aqueles e aquelas que sofrem as consequências da desigualdade, da redução dos direitos, da precarização dos sistemas públicos, construídos pós Constituição Federal de 1988. Atuamos na defesa dos direitos das populações que estão sendo atacadas com posturas e práticas de ódio e discriminação.

Reafirmamos que nossa profissão foi forjada nas lutas sociais pela dignidade, por isso temos a responsabilidade de observar, atentamente, os projetos de sociedade que estão em disputa nestas eleições, e nos posicionarmos em favor do projeto que representa os valores e os princípios do projeto societário que defendemos. Nesse sentido, nós assistentes sociais do Paraná, em Assembleia Geral extraordinária, realizada no dia 20 de outubro de 2018, aprovamos presente a carta em defesa da democracia e convocamos toda a categoria a:

AFIRMAR: o veemente repúdio a toda manifestação de ódio, de violência, de preconceito, de xenofobia, de racismo, de misoginia, de LGBTIfobia;

REITERAR: a imperiosa necessidade de preservação de um ambiente sócio-político ético, pacifico, democrático, de diálogo, e de avanços na consolidação dos direitos humanos;

MANIFESTAR: a defesa intransigente dos direitos humanos e a recusa do arbítrio e do autoritarismo.

 

Curitiba, 20 de outubro de 2018.

 

Não ao Fascismo!
Votamos com a ética profissional, em defesa da Democracia!

 

 

Leia AQUI a Carta em Defesa da Democracia na versão PDF.